terça-feira, 11 de abril de 2017

A desmoralização dos pitbulls da grande mídia

Alberto Cantalice 
Foto: Arquivo PT

Três vezes derrotados nos pleitos presidenciais, por Lula e Dilma e o PT, os setores elitistas albergados na grande mídia, ao se verem na iminência do quarto revés eleitoral, foram ao desespero.
Diuturnamente lançam vitupérios, achincalhes e deboches contra os avanços do país visando desgastar o governo federal e a imagem do Brasil no exterior. Inimigos que são das políticas sociais, políticas essas que visam efetivamente uma maior integração entre todos os brasileiros, pregam seu fim.
“A hora é de renovar as esperanças e acreditar no Brasil”.
Profetas do apocalipse político, eles são contra as cotas sociais e raciais; as reservas de vagas para negros nos serviços públicos; as demarcações de terras indígenas; o Bolsa Família, o Prouni e tudo o mais.
Divulgadores de uma democracia sem povo apontaram suas armas, agora, contra o decreto da Presidência da República que amplia a interlocução e a participação da população nos conselhos, para melhor direcionamento das políticas públicas.
Personificados em Reinaldo Azevedo, Arnaldo Jabor, Demétrio Magnoli, Guilherme Fiúza, Augusto Nunes, Diogo Mainardi, Lobão, Gentili, Marcelo Madureira entre outros menos votados, suas pregações nas páginas dos veículos conservadores estimulam setores reacionários e exclusivistas da sociedade brasileira a maldizer os pobres e sua presença cada vez maior nos aeroportos, nos shoppings e nos restaurantes. Seus paroxismos odientos revelaram-se com maior clarividência na Copa do Mundo.
Os arautos do caos, prevendo e militando insistentemente pelo fracasso do mundial – tendo, inclusive, como ponta de lança a revista Veja previsto que os estádios só ficariam prontos depois de 2022, assistem hoje desolados e bufando à extraordinária mobilização popular e ao entusiasmo do povo brasileiro pela realização da denominada, acertadamente, de a Copa das Copas.
O subproduto dos pitbulls do conservadorismo teve seu ápice nos xingamentos torpes e vergonhosos à presidenta Dilma na abertura da Copa, na Arena Corinthians. Verdadeiro gol contra, o repúdio imediato de amplas parcelas dos brasileiros e brasileiras ao deprimente espetáculo dos vips demonstra que a imensa maioria da população abomina essa prática.
Desnudam-se os propagadores do ódio. A hora é de renovar as esperanças e acreditar no Brasil!


Alberto Cantalice é vice-presidente nacional do PT e coordenador das Redes Sociais do partido

quinta-feira, 16 de março de 2017

Flávio Dino (PCdoB) paga um dos maiores salários para professores do país

Flávio Dino (PCdoB) paga um dos maiores salários para professores do país


Forum
Da Redação com Informações da Carta Campinas
  • Em vez de dar uma ajuda milionária às empresas de telefonia, como faz o governo Temer, o governador do Maranhão Flávio Dino concedeu recomposição salarial de 8% sobre a remuneração de todos os educadores da Educação Básica, em todas as referências da carreira.
O governo de Flávio Dino (PCdoB) está na contramão dos demais estados brasileiros e do discurso de crise econômica que assola o país.
  • Em vez de dar uma ajuda milionária às empresas de telefonia, como faz o governo Temer, ele resolveu conceder recomposição salarial de 8% sobre a remuneração de todos os educadores da Educação Básica, em todas as referências da carreira.
A primeira etapa do benefício será paga já nesta sexta-feira (24), junto com pagamento dos servidores públicos estaduais, e a segunda parcela no mês de maio.
  • Hoje o Maranhão paga a segunda maior remuneração do País para professor de 40 horas, com licenciatura plena. Isso num dos estados mais pobres do Brasil e terra arrasada e espoliada pelo clã Sarney durante décadas.
A partir de maio, será o primeiro da lista entre os estados brasileiros, com o maior salário docente da federação – R$ 5.384,26 pagos ao professor em início de carreira, ultrapassando o Distrito Federal. O impacto financeiro será de R$ 132 milhões/ano na folha de pagamento.
Em 25 meses de gestão, o Governador Flávio Dino concedeu o equivalente a 22,05% de reajuste aos professores da Rede Estadual de Ensino, percentual superior à inflação do período que foi de 16,96%.
  • “O governador Flávio Dino, desde os primeiros dias da gestão, vem empreendendo todos os esforços para valorizar os profissionais da educação. São medidas que vão desde melhorias nas condições físicas dos espaços escolares e atendimento de demandas históricas da categoria, como concurso público, ampliação de jornada e unificação de matrículas, progressões na carreira, eleição direta para gestores escolares, entre outras, que são resultados do compromisso deste governo com os educadores e educadores”, realçou o secretário de Estado da Educação, Felipe Camarão.
Mais benefícios:
  • O Governo do Estado também concedeu, somente neste ano, a progressão na carreira de mais de mil professores e especialistas em Educação, retroagindo a 1º de janeiro de 2017. Até o momento, já somam 17 mil educadores beneficiados com progressões funcionais, promoções, titulações e estímulos, em 25 meses de gestão. Neste ano, o Governo fará, ainda, a progressão na carreira de outros 5 mil docentes.
Ampliação de jornada e unificação de matrícula:
  • Governo realizou ano passado, de forma inédita, concurso interno para ampliação da jornada de professores de 20h para 40h, com salário proporcional, e também concurso interno para unificação de matrículas de professores, beneficiando, ao todo, 1.200 professores da rede. Neste ano de 2017 haverá novos concursos internos para a unificação de matrículas e ampliação de jornada. (Carta Campinas com informações de divulgação)

terça-feira, 7 de março de 2017

Polícia Federal liga Roseana Sarney a esquema de corrupção do doleiro Alberto Yousseff

José Sarney e Sergio Machado os audios e transcrição

Conheça Presidente Sarney (MA), a cidade com a pior colocação no Bem-Estar Urbano

A Operação Faktor anteriormente denominada Operação Boi Barrica

Fernando José Macieira Ferreira Araújo da Costa Sarney, 

  • Fernando José Macieira Ferreira Araújo da Costa Sarney, mais conhecido como Fernando Sarney ComIH (São Luís, 24 de março de 1955) é um político e empresário brasileiro, membro da Comitê Executivo da Fifa.
A Operação Faktor anteriormente denominada Operação Boi Barrica é uma operação da Policia Federal Brasileira que investiga Fernando Sarney, suspeito de fazer caixa dois na campanha de Roseana Sarney na disputa pelo governo do Maranhão em 2006. Antes das eleições, ele teria sacado 2 milhões de reais em dinheiro vivo.O nome Boi Barrica refere-se a um grupo folclórico do Maranhão que tem como padrinhos a família Sarney.A operação teve que ser rebatizada devido a reclamações do grupo boi-bumbá Boizinho Barrica.
  • Fernando Sarney foi indiciado por formação de quadrilha, gestão de instituição financeira irregular, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica.Todavia, nega todas as acusações.
Em consequência desta operação a Polícia Federal (PF) gravou ligações mostraram indícios de nepotismo praticados por Sarney onde interveio ao entregar um cargo ao namorado de sua neta, juntamente com Agaciel Maia.
  • Em 2011 o Superior Tribunal de Justiça (Ministros da 6ª Turma) anulou as provas que a PF havia encontrado por tê-las considerado ilegais. As investigações, desta forma, retornam quase a seu ponto de início.
Controvérsias sobre o nome:
  • A operação intitulada inicialmente Operação Boi Barrica teve seu nome modificado devido ao uso da marca "Boi Barrica" que é registrada a um notório grupo de brincantes de bumba meu boi em São Luís. Devido a nomeação inicial o grupo detentor da marca processou o governo federal por danos morais e ganhou R$ 100.000,00 em primeira instância.
Conflito com o Jornal Estado de S. Paulo:
  • O jornal O Estado de S. Paulo em 31 de julho de 2009 foi proibido de publicar reportagens sobre a Operação Faktor. O ato foi realizado pelo desembargador Dácio Vieira a pedido de Fernando Sarney e a multa determinada no descumprimento da decisão é de R$ 150 mil por cada publicação sobre a operação.
O desembargador Dácio Vieira natural de Araguari pertence ao círculo social de Sarney e Agaciel Maia e é ex-consultor jurídico do Senado. Esteve presente no casamento de Mayanna Maia filha de Agaciel, onde Sarney foi padrinho.
  • Depois da ação de Dácio Vieira uma série de entidades com a Ordem dos Advogados do Brasil e a Associação Nacional de Jornais repudiaram a ação.
Posteriormente, em 10 de novembro de 2009, foi anunciado que o Supremo Tribunal Federal (STF) negou o pedido do jornal contra a proibição que havia recebido em publicar informações sobre dados da Operação Boi Barrica, alegando que o caso estava em segredo de justiça. Na sua defesa os advogados do jornal compararam o fato ao Ato Institucional nº 5.
  • Em 18 de dezembro de 2009 Fernando Sarney decidiu remover a ação de proibição de veicular matérias sobre a operação ao Estado.Porém, a proibição continua. Todavia, o Estado está aguardando intimação da justiça para decidir se aceitará ou não a extinção do processo.
Depois de 384 dias, o jornal ainda alegava estar sob censura e indicou preferência dar sequência ao julgamento de mérito da ação.

José Sarney, Ricardo Teixeira e Fernando e
José Macieira Ferreira Araújo da Costa Sarney, 

José Sarney Filho (PV) do Maranhão



  • José Sarney Filho, também conhecido como Zequinha Sarney (São Luís, 14 de junho de 1957) é um advogado e político brasileiro, atual ministro do Meio Ambiente, filiado ao Partido Verde (PV).

Biografia:
  • Nascido em uma família estreitamente ligada à política, José Sarney Filho é filho de José Sarney e de Marly Sarney. Seu pai exerceu o quinto mandato de senador e foi presidente da República entre 1985 e 1990. É também irmão da ex-governadora do Maranhão, Roseana Sarney, e do empresário Fernando Sarney.
Carreira política:
  • José Sarney Filho iniciou sua trajetória na vida pública ainda jovem pela Aliança Renovadora Nacional (ARENA), em 1970. Eleito deputado estadual pelo Maranhão em 1978, migrou para o Partido Democrático Social (PDS) e foi eleito para o seu primeiro mandato de deputado federal em 1982. Por ocasião da sucessão presidencial deflagrada ao final do governo João Figueiredo, deixou o partido em 1986 e ingressou no Partido da Frente Liberal (PFL), atual Democratas (DEM), e foi reeleito em 1986, 1990, 1994, 1998 e 2002.
Afastou-se do mandato para ocupar os cargos de Secretário para Assuntos Políticos do Estado do Maranhão, em 1988 e entre 1989 e 1990, e de Ministro do Meio Ambiente no governo de Fernando Henrique Cardoso, entre 1 de janeiro de 1999 e 5 de março de 2002, após o rompimento de seu partido com o governo.
  • Desde 2005, está filiado ao Partido Verde (PV) e foi reeleito em 2006, 2010 e 2014, sendo um de seus principais líderes no Congresso Nacional e estando em seu nono mandato consecutivo.
Em 2016, assumiu novamente o cargo de Ministro do Meio Ambiente, no governo interino de Michel Temer.
Vida pessoal:
  • De seu primeiro casamento com Lucialice Cordeiro, José Sarney Filho teve três filhos: José Adriano e os gêmeos Marcos e Gabriel. Seu quarto filho, Daniel Sarney, mora no Canadá, com a mãe, a antropóloga Annette Leibing. Atualmente, Sarney Filho é casado com Camila Serra, mãe de seu quinto e último filho, João José Sarney, nascido em 2006.
Controvérsias:
Operação Lava Jato
  • Em um dos róls das investigações da Operação Lava Jato, em junho de 2016, o ex-senador Sérgio Machado, em termos de delação premiada, apontou que repassou dinheiro ilegal ao ex-presidente, José Sarney, sendo que do montante, apenas R$ 2,25 milhões foram por meio de doações eleitorais, incluindo R$ 400 mil para a campanha de deputado federal de Sarney Filho em 2010, quando o mesmo pertencia ao PV.

José Sarney (O Dono do Maranhão)

José Ribamar Ferreira de Araújo Costa (Jose Sarney

  • José Sarney de Araújo Costa, nascido José Ribamar Ferreira de Araújo Costa  GCC • GColSE • GCIH (Pinheiro, 24 de abril de 1930), é um advogado, político e escritor brasileiro. Foi o 31º Presidente do Brasil (1985-1990) e o 20º Vice-presidente do Brasil (1985). 
Anteriormente, fora também governador do Maranhão (1966-1971) e senador pelo mesmo estado (1971-1985). Depois de deixar a presidência, foi novamente senador, em 1991 (dessa vez pelo recém criado estado do Amapá, por não ter conseguido apoio da cúpula do PMDB do Maranhão à sua candidatura), tendo presidido o senado brasileiro por três vezes.

Biografia:
  • José Sarney bacharelou-se em direito na Universidade Federal do Maranhão em 1953, época em que ingressou na Academia Maranhense de Letras e fazia parte de um movimento de poetas maranhenses que lançou o pós-modernismo no estado. Ao lado de Lago Burnett, Lucy Teixeira e Ferreira Gullar, o movimento literário foi difundido por meio da revista A Ilha, da qual Sarney foi um dos fundadores. Ingressou na carreira política filiando-se ao PSD. 
Candidatou-se a deputado federal em 1954, não se elegendo, mas assumiu pela primeira vez vaga um mandato Câmara dos Deputados em 1955.Migrou para a UDN em 1958, partido pelo qual foi eleito deputado federal em eleições naquele mesmo ano e em 1962 e governador do Maranhão em 1965. Em 27 de outubro de 1965, com a instituição do AI-2, os partidos políticos são extintos, com a imposição do bipartidarismo. Sarney então ingressa na ARENA, onde ficaria por quase vinte anos. Foi eleito e reeleito senador pela ARENA na década de 1970 e ficou no cargo até 1985. Presidiu a legenda a partir de 1979, que se tornaria PDS no início de 1980, mas deixou o partido e ingressou no PMDB em 1984, onde se tornou candidato a vice-presidente na chapa de Tancredo Neves para a eleição presidencial de 1985. Eleitos indiretamente por um Colégio Eleitoral, deveriam assumir a posse em março daquele ano; contudo, o presidente Tancredo Neves, adoeceu gravemente e faleceu pouco antes de tomar posse do cargo. Assim, Sarney assumiu a presidência da República em abril.
  • Durante seu mandato, foram restabelecidas as eleições diretas para presidente, prefeito e governador. Foi aprovado pelo Congresso o direito de voto dos analfabetos e foi promulgada a Constituição brasileira de 1988 por uma Assembleia Nacional Constituinte.
Por outro lado, seu governo também notabilizou-se por acusações de corrupção, com acusações de superfaturamento e irregularidades em concorrências públicas e de favorecimento político nas concessões públicas de emissoras de rádio e TV. No campo econômico, foram implementados diversos planos de combate à hiperinflação (Plano Cruzado I e II, Plano Bresser, Plano Verão), mas todos fracassaram, e ao fim do governo Sarney o país estava mergulhado na recessão.
  • Na política externa, o Brasil reaproximou-se de países comunistas (como China e a antiga União Soviética), reatou relações com Cuba e estreitou laços com Argentina e Uruguai, com a assinatura do protocolo do Mercosul. Após deixar a presidência, Sarney foi eleito senador pelo Amapá em 1990, cargo que ocupou pôr três mandatos.
Como escritor, Sarney é autor de obras como O Norte das Águas, O Dono do Mar e Saraminda, membro da Academia Brasileira de Letras e membro correspondente da Academia das Ciências de Lisboa.

Primeiros anos:
  • Nascido em Pinheiro em 24 de abril de 1930, José Ribamar Ferreira de Araújo Costa é filho do casal Sarney de Araújo Costa e Kyola Ferreira de Araújo Costa. Seu pai foi membro do Tribunal de Justiça do Maranhão, inicialmente como promotor público, depois desembargador, que por motivos políticos, foi removido sucessivamente para várias comarcas do interior maranhense. Com isso, o filho fez seus estudos primários no Colégio Mota Junior, em São Bento, e no Colégio de Professor Joca Rego, na cidade de Santo Antonio de Balsas. 
Em janeiro de 1942, quando tinha 12 anos de idade, José Ribamar prestou e foi aprovado em primeiro lugar no exame de admissão no Liceu Maranhense, em São Luís, e aos 14 anos, iniciou sua militância política estudantil como presidente do Centro Liceísta e editava o jornal "O Liceu". Como líder estudantil, participou em 1945 de manifestações pela queda da ditadura getulista e chegou a ser detido junto com um grupo de colegas após um ato no Teatro Artur Azevedo contra o interventor Paulo Ramos.

Família:
  • Em 1946, José Ribamar conhece Marly Macieira. Dois anos mais jovem, ela é prima de um amigo, Murilo Ferreira, e filha do cirurgião, clínico e diretor de hospital, Carlos Macieira. No ano seguinte, Marly o convida para sua festa de quinze anos, e Ribamar torna-se o seu primeiro e único namorado. Após cumprir o prazo tradicional de noivado, casam-se em 12 de julho de 1952. Em 1953, nasce sua filha, Roseana. Dois anos depois, nasce Fernando, e, em 1957, chega mais um filho, Zequinha.
Carreira profissional:
  • Em 1947 participou do concurso de reportagem lançado pelo jornal "O Imparcial", dos Diários Associados, usando o pseudônimo de "Zé da Ilha", e produziu a melhor reportagem, sendo em seguida contratado como repórter do jornal. No ano seguinte, passou a colaborar, também, com o "Diário de Pernambuco" e no "Correio da macumba".
Em 1950, aos 20 anos, ingressou na faculdade de direito e passou a exercer o cargo de chefia do suplemento "Letras e Artes" do jornal O Imparcial. Começa na reportagem policial, mas logo é promovido e, depois de algum tempo, cria um suplemento literário. À época já era respeitado nos meios intelectuais de São Luís. Durante a faculdade, ingressou na União Maranhense dos Estudantes (UME). Em um congresso da União Nacional dos Estudantes, realizado em São Paulo, fez amizade com Álvaro Americano, Célio Borja, Paulo Egydio Martins e Roberto Gusmão.
  • Em 1953 bacharelou-se pela Faculdade de Direito do Maranhão, época em que ingressou na Academia Maranhense de Letras. Ao lado de Bandeira Tribuzzi, Luci Teixeira, Lago Burnet, Bello Parga, José Bento e outros escritores, fez parte de um movimento literário difundido por meio da revista que lançou o pós-modernismo no Maranhão, A Ilha, da qual foi um dos fundadores
Em 1955 passou a lecionar a disciplina de Noções de Direito, na Faculdade de Serviço Social da Universidade Católica do Maranhão, mas depois abandonou a carreira pela política.

Patrimônio:
  • A família de Sarney detém uma das maiores fortunas do Maranhão, com dezenas de imóveis e meios de comunicação. As propriedades mais ricas são uma fazenda na Ilha de Curupu e uma mansão na Praia do Calhau, que Sarney incluiu em sua declaração bens quando se candidatou a senador pelo Amapá, em 1990.
Ex-jornalista dos Diários Associados, Sarney começou a construir seu império de comunicação durante a Ditadura militar no Brasil, quando adquiriu em 1973 o então Jornal do Dia, que transformou no atual O Estado do Maranhão. O diário foi a base do Sistema Mirante de Comunicação montado por Sarney, que seria ampliada na década de 1980 (sob sua própria gestão como presidente da República) a TV Mirante (geradora, e atual retransmissora da Rede Globo) e as rádios Mirante (AM e FM).[15] Os filhos Fernando, Roseana e Sarney Filho aparecem no cadastro do Ministério das Comunicações como sócios de dezenas emissoras de rádio ou de televisão no Maranhão.

Carreira política:
  • José Sarney é o político brasileiro com mais longa carreira (59 anos) no plano nacional, superando o senador Limpo de Abreu (53 anos de carreira política e 36 como senador vitalício). Ruy Barbosa, o mais duradouro político no período republicano, foi senador por 31 anos contra os 36 de Sarney e Limpo de Abreu. 
Durante sua vida pública José Sarney atuou sob quatro constituições (1946, 1967, 1969 e 1988, esta última convocada por ele, no exercício da Presidência da República) e quatro governos sob a Constituição de 1946, seis no governos militares e, depois de seu mandato presidencial, cinco sob a Constituição de 1988 — 15 governos. Como parlamentar integrou 13 legislaturas, quatro como deputado federal e seis como senador. Era parte da oposição ao governo antes de 1964 e, a partir daí, parte das forças de apoio ao regime militar. Paradoxalmente, acabou sendo o primeiro presidente civil após o regime militar, em razão da morte de Tancredo Neves.

Deputado Federal
  • A carreira política de José Sarney teve início em 1954. Nesse ano, marcado pelo suicídio de Getúlio Vargas, Sarney disputou sua primeira eleição pelo Partido Social Democrata (PSD). Sem dinheiro e sem tradição, conseguiu chegar apenas à terceira suplência. Mas ainda no primeiro ano da legislatura, em 1955, aos 25 anos, pode assumir provisoriamente o mandato de deputado federal. Com a volta de Vitorino Freire — o político pernambucano que fora para o Maranhão durante a década de 1930 e controlava o estado com mão de ferro — ao PSD, que havia transitoriamente abandonado pelo PST, 
Sarney transfere-se para a União Democrática Nacional (UDN). O mandato interino se repetiu várias vezes nos anos seguintes. Na época, aproximou-se, na bancada da UDN, da famosa banda de música, composta por Carlos Lacerda, Afonso Arinos de Melo Franco, Adauto Lúcio Cardoso, Olavo Bilac Pinto, José Bonifácio Lafayette de Andrada, Aliomar Baleeiro e Prado Kelly, entre outros, e começou a ganhar prestígio nacional. José Sarney chefiou, como presidente do diretório regional da UDN, a campanha de 1958, quando a Oposição Coligada — bloco dos partidos de oposição ao vitorinismo — conseguiu eleger quatro dos dez deputados federais. Sarney foi o mais votado na chapa da oposição, devido, sobretudo, a sua atuação como deputado, que repercutira fortemente no Maranhão. Recebeu a indicação de Afonso Arinos, aprovada pela maioria do partido, para que ocupasse uma de suas vice-lideranças. Em 1959, em Curitiba, Sarney foi eleito vice-presidente da UDN. Representava na direção do partido o grupo renovador que ficou conhecido como Bossa Nova — de que fizeram parte Ferro Costa, José Aparecido, Edílson Távora, Seixas Dória — e que tinha como objetivo introduzir o componente social na política da UDN.
  • Com seu partido, fez oposição ao governo Juscelino Kubitschek. Foi vice-líder do governo Jânio Quadros, de quem chefiara a campanha no Maranhão. Com a renúncia de Jânio e a ascensão de João Goulart, voltou para a oposição. Procurou até o fim uma saída política para a crise que se estabeleceu em fins de 1963 e terminaria com o golpe militar de 1964. Foi dos poucos que se manifestou contra a cassação sumária de parlamentares, sustentando que as cassações só podiam ser feitas dentro das regras constitucionais.
Governador do Maranhão:
  • Em 1965 José Sarney lançou-se candidato a governador do Maranhão. Antes do pleito, a Justiça Eleitoral fez uma revisão, que resultou na eliminação de dois quintos do eleitorado. O vitorinismo entrou na disputa dividido - com os candidatos Renato Archer, pela coligação PTB/PSD, e Costa Rodrigues, prefeito de São Luís, pelo PTN, apoiado governador Newton Bello. A eleição se travou sob a proteção de tropas federais. José Sarney percorreu o Maranhão de ponta a ponta e teve uma vitória esmagadora: recebeu 120 mil votos ou mais que a soma dos votos dados aos dois outros candidatos (103 mil). 
Para fazer um registro de sua campanha, convocou o então jovem cineasta Glauber Rocha, que realizou o filme Maranhão 66. Sarney acabou não usando o filme, por não servir a propósitos de propaganda. Em compensação, Glauber usaria dois planos de Maranhão 66 em Terra em Transe. As cenas foram usadas no comício do personagem Filipe Vieira (vivido por José Lewgoy), governador da província de Alecrim, no fictício país chamado Eldorado. Vieira era um político demagogo que se elege à custa do voto dos camponeses e operários e, após assumir o governo, ordena o fuzilamento dos líderes populares.
  • Durante o Governo Sarney os investimentos foram aumentados em 2.000%. A oferta de energia elétrica no Maranhão, que era de 7.500 kW, menor que a do edifício Avenida Central, no Rio de Janeiro, passou para 237 500 kW. As estradas passaram de 13 km pavimentados para centenas de quilômetros, que incluíam a BR-135, São Luís – Teresina. Foi aberto o Porto do Itaqui e rompidas as amarras do crescimento urbano de São Luís, impedido a nordeste e sudoeste pelas rias Anil e Bacanga, com a construção da ponte do São Francisco, que abria caminho para as praias do norte da ilha, e a barragem que permitia o acesso à ponta do Itaqui.
O programa de educação João de Barro permitiu a criação de uma escola por dia, um ginásio por mês, uma faculdade por ano. Com a combinação de adaptações do método Paulo Freire com a introdução de uma TV Educativa — a primeira do Brasil — foi possível formar rapidamente professores e monitores que estenderam a educação a todo o Estado, que só tinha um ginásio. Ainda no governo Sarney foi instalada a Universidade Federal do Maranhão, e preparado o caminho para a Universidade Estadual do Maranhão. Na área da saúde foi construído o Hospital Geral, em São Luís, e criado um grande número de postos médicos no interior maranhense.
  • Em 1968, o ex-presidente Juscelino Kubitschek viajou a São Luís como homenageado da primeira turma de economistas da Universidade Federal do Maranhão, da qual Sarney era paraninfo. Enfrentando as cautelas que o aconselhavam a se ausentar da solenidade de formatura, Sarney não somente dela participou, mas, como governador, fez questão de homenagear o ex-presidente com um jantar, realizado no dia 12 de dezembro de 1968. No dia seguinte, uma sexta-feira, o Presidente Costa e Silva baixou o Ato Institucional nº 5. 
Sarney e Juscelino viajaram no mesmo avião; Sarney desceu no Recife e Juscelino seguiu para o Rio de Janeiro, onde foi preso ao desembarcar. De volta a São Luís, Sarney fez um pronunciamento por rádio e televisão: "Meu mandato é um mandato livre, que me foi outorgado pela vontade popular, tenho procurado exercê-lo com absoluta independência e no dia em que não puder mais fazê-lo não poderei prestar serviços ao Maranhão. 
  • Nessa hora, o meu caminho é o caminho da minha casa, de cabeça erguida, mas respeitado e sendo digno do nome e do povo desta terra. Não posso parecer nunca subalterno, omisso ou açodado. Tenho noção da grandeza do cargo que ocupo e das minhas responsabilidades com o passado, com o presente e com o futuro do Maranhão"
Senador do Maranhão:
  • Em maio de 1970, Sarney deixou o governo para ser candidato a senador. A UDN e os demais partidos políticos haviam sido extintos pelo Ato Institucional n° 2, em outubro de 1965, e foi implantado o bipartidarismo. Formaram-se dois partidos: a ARENA (Aliança Renovadora Nacional), o partido de apoio ao regime militar, e o MDB (Movimento Democrático Brasileiro), que reunia a oposição. Sarney inscreveu-se na ARENA e foi eleito senador pelo Maranhão em chapa que teve mais que o dobro dos votos dados a seus adversários.
Parece ter apoiado discretamente o senador Daniel Krieger, da ARENA do Rio Grande do Sul, quando este liderou um grupo de senadores contrários ao Ato Institucional Número Cinco. Com o Congresso Nacional ainda fechado por força do AI-5, o grupo enviou carta a Costa e Silva, criticando o Ato - carta que, Sarney, cautelosamente, não assinou. Alguns anos depois, já com o Congresso aberto, Sarney limitava-se a produzir discursos beletristas acerca da transitoriedade das coisas - incluindo o AI-5 e o próprio regime militar.
  • Trabalhou no sentido de preparar o Senado Federal para novas tecnologias e nova forma de fazer política. Participou da criação do IPEAC — Instituto de Pesquisa e Assessoria do Congresso e da informatização do Senado, no que seria o futuro Prodasen. Em dezembro de 1978, o senador José Sarney relatou a Emenda Constitucional n°11, que revogou todos os atos institucionais e complementares impostos pelos militares. Em seu parecer, Sarney advertia que o fim do AI-5 era apenas um início de jornada, e que não esgotava o processo político autoritário.
Em janeiro de 1979, já reeleito para o Senado pelo Maranhão, José Sarney assume a presidência da ARENA. Em dezembro de 1979, extintos novamente os partidos políticos existentes e terminado o bipartidarismo, Sarney é o primeiro presidente do Partido Democrático Social (PDS). O programa do PDS, elaborado por Sarney, refletia sua preocupação social, dominante desde o tempo da Bossa Nova. A abertura promovida por Ernesto Geisel e Golbery do Couto e Silva avança no começo da década com a volta da eleição direta de governadores, em 1982. 
  • Em abril de 1984 a emenda propondo eleição direta para presidente da República, reivindicação do grande movimento das Diretas Já, foi derrotada na Câmara dos Deputados. No PDS a discussão sobre as eleições presidenciais de 1985 começaram prematuramente, com campanha agressiva de Paulo Maluf para ser indicado candidato do partido, que tinha maioria no Colégio Eleitoral. O presidente da República, João Figueiredo, aceita a proposta de Sarney de fazer prévias no partido, o que poderia viabilizar as candidaturas de Mário Andreazza ou Aureliano Chaves. Surpreendido por uma mudança da posição de Figueiredo, que, pressionado por Maluf, desautorizou as prévias, Sarney deixou o PDS em 11 de junho de 1984. 
Em seguida, com outros dissidentes do partido, criou a Frente Liberal. Articulações políticas lideradas pelo governador de Minas, Tancredo Neves, Ulisses Guimarães, presidente do PMDB, Aureliano Chaves, Marco Maciel e Antônio Carlos Magalhães resultaram na formação da Aliança Democrática, que, unindo a Frente Liberal com o PMDB, inverteu as posições no Colégio Eleitoral. A chapa da Aliança Democrática formou-se com Tancredo Neves e José Sarney. No dia 15 de janeiro de 1985 o Colégio Eleitoral se reuniu e elegeu a chapa Tancredo Neves/José Sarney por 480 votos contra 180 dados a Paulo Maluf/Flávio Marcílio.

Presidência da República:
  • Na semana da posse presidencial, Tancredo Neves apresentou quadro inflamatório com dores abdominais, diagnosticado como apendicite. Tancredo descartou qualquer internação ou intervenção cirúrgica antes da posse. Na noite do dia 14 de março o agravamento do quadro clínico exigiu uma cirurgia de urgência. Duas correntes se formaram sobre o quadro político: um grupo desejava que assumisse Ulysses Guimarães, outro defendia a solução constitucional, que era a posse do vice-presidente, de acordo com o artigo 76 da Constituição. Sarney tomou posse como vice-presidente, assumindo a Presidência da República interinamente em 15 de março de 1985. O general Figueiredo, sinalizando para a história a ruptura institucional com o regime militar, não passa o cargo e a faixa presidencial a Sarney.
A saúde de Tancredo Neves tornou-se a uma tragédia com as sucessivas cirurgias e o quadro de infecção generalizada que o levou a morte. Em 15 de março de 1985, Sarney assumiu interinamente a presidência da República. Com a morte de Tancredo no dia 21 de abril, assumiu oficialmente o cargo. O processo que devia acontecer, segundo o plano da Aliança Democrática, sem traumas, iniciava-se com o trauma da doença e a sombra do desastre. O primeiro desafio de Sarney foi resgatar as esperanças. Sua estratégia foi legitimar-se pela ação. 
  • Às Forças Armadas deu o espaço institucional que resgatou a ideia da volta aos quartéis como uma conquista. Aos partidos políticos na clandestinidade, deu o reconhecimento; à imprensa, a liberdade de expressão; aos sindicatos, a liberdade de manifestação; convocou eleições e convocou a Constituinte. Retomou a ideia de uma política externa independente, abrindo o diálogo com a América Latina, voltando-se para a Argentina. Na ação administrativa, abriu espaço para as questões até então marginalizadas: a reforma agrária, a cultura, a política urbana, o meio ambiente; avançou na desburocratização, criou na Fazenda a Secretaria do Tesouro o SIAFI, unificando o orçamento da União e acabando com a conta-movimento no Banco do Brasil.
Em 1985, no entanto, o combate econômico encontrava seu desafio na inflação e na recessão econômica herdadas do governo militar. A população tem expectativas de transformação da economia que não se alcançava com as políticas tradicionais. Sarney muda o ministro da Fazenda e, em fevereiro de 1986, lança o Plano Cruzado.

O Plano Cruzado:
  • Apesar de um crescimento de 8,5% do PIB, a inflação persistia na entrada de 1986, provocando uma quebra da confiança, elemento essencial na política econômica. Recusando a receita recessiva convencional, Sarney autoriza o ministro do Planejamento, João Sayad, a promover uma saída heterodoxa. O economista Pérsio Arida é enviado a Israel para estudar os planos que ali haviam sido implantados. Em 28 de fevereiro de 1986 Sarney lança o Plano Cruzado. 
Entre as medidas de maior destaque do Cruzado estavam o congelamento geral de preços por doze meses e a adoção do "gatilho salarial", isto é, o reajuste automático de salários sempre que a inflação atingisse ou ultrapassasse os 20%. Os economistas temiam que o plano tivesse caráter recessivo, e Sarney resolveu conceder um abono de 12% sobre o valor real dos salários. Houve uma explosão de consumo e a incorporação dos consumidores à ação de cidadania: eles passaram a fiscalizar os preços e a denunciar as remarcações, ficando conhecidos como "fiscais do Sarney". 
  • O novo ministro da Fazenda, Dilson Funaro, se tornou uma das figuras mais populares do país. Entretanto o congelamento, distorcendo as margens de lucro das empresas, levou ao desinvestimento e à queda de produção, o que resultou numa grave crise de abastecimento, na cobrança de ágio disseminada e finalmente na volta da inflação.
Moratória e Novos Planos Econômicos:
  • Em novembro de 1986 foi lançado o Plano Cruzado II, que ainda não resolveu o problema da inflação. As reservas internacionais atingiram um nível crítico, levando a decretação de moratória unilateral em 20 de janeiro de 1987. A medida, reclamada por amplos setores políticos e sociais, foi surpreendentemente mal acolhida. Em abril de 1987 assumiu o Ministério da Fazenda o economista Luiz Carlos Bresser Pereira, que lançou em junho novo plano econômico, que levou seu nome e também teve sucesso moderado. 
O ano de 1988 iniciou com novo ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega, que adotou a política ‘feijão com arroz’, de condução pontual dos problemas econômicos. Em janeiro de 1989 lançou o Plano Verão. Inicialmente bem sucedido, o plano perdeu o controle da inflação. O combate à inflação acabou submetido ao processo de expectativas inflacionárias ligadas ao processo eleitoral, no que ficou conhecido como o ‘estelionato eleitoral’ (congelamento mantido até o dia das eleições) e, a partir da vitória de Fernando Collor, aos planos do futuro governo.
  • No plano econômico, apesar da inflação (em geral acompanhada de correção monetária que evitava a corrosão dos salários), o Governo Sarney alcançou resultados relevantes. A própria inflação, dolarizada, teve uma média anual de 17,3%, segundo estudo da Consultoria Tendências. O Brasil teve o 3º saldo exportador no mundo. Os resultados de balança de serviços, balança comercial e transações correntes só vieram a ser superados no governo Lula. 
A dívida externa caiu de 54% para 28% do PIB. O déficit primário de 2,58% do PIB em 1984 foi substituído por um superávit de 0,8% do PIB em 1989. O Brasil passou a ser a sétima economia mundial. O PIB, medido em dólares (variação cambial) cresceu 119%. O PIB per capita cresceu 99%. A média do índice de desemprego foi de 3,89%, chegando a 2,16% durante o Plano Cruzado e 2,36% em fins de 1989.

Eleições e Constituinte:
  • Sarney notabilizou-se pela sua condução do processo de redemocratização do país. Ainda em 1985 foram legalizados os partidos políticos até então clandestinos, e o presidente recebeu no Palácio do Planalto líderes históricos da esquerda como João Amazonas e Giocondo Dias. No fim do ano realizaram-se as primeiras eleições diretas para prefeito das capitais em vinte anos. Em junho, Sarney envia mensagem ao Congresso convocando uma Assembleia Nacional Constituinte, a ser composta por deputados e senadores que seriam eleitos em novembro de 1986 e pelos senadores no exercício do mandato. Resgatando a iniciativa de Tancredo Neves, que havia convidado Afonso Arinos para presidir uma comissão de alto nível encarregada de redigir um anteprojeto de constituição, nos moldes da que o chanceler Afrânio de Mello Franco, seu pai, havia presidido em 1933, em setembro Sarney criou comissão especial para fornecer subsídios aos constituintes, composta por 50 membros. O anteprojeto não foi aproveitado por decisão de Ulysses Guimarães. 
O sucesso do Plano Cruzado deu ao PMDB ampla vitória nas eleições de 1986, elegendo governador em 22 dos 23 estados brasileiros. Em 1° de fevereiro de 1987, a Constituinte, formada por 559 congressistas e presidida pelo deputado Ulysses Guimarães, foi instalada. A nova Carta Constitucional, promulgada em 5 de outubro de 1988, tem uma excelente parte de direitos individuais, coletivos, sociais e difusos, mas uma estrutura do Estado confusa e com dificuldades de governabilidade. 
  • Sarney destacou essas características em discurso antes do segundo turno das votações, mas passada a votação, fez tudo para viabilizá-la, como primeira pessoa a fazer o juramento de segui-la. Ainda em 1988 ocorreram eleições municipais. Em 1989 foram realizadas eleições diretas para presidente da República — as primeiras em 29 anos. José Sarney foi sucedido na Presidência por Fernando Collor de Mello, que baseou sua campanha em ataques violentos a seu antecessor.
Secretaria do Tesouro e Siafi:
  • Durante o seu governo, Sarney criou a Secretaria do Tesouro Nacional, que absorveu as funções de execução orçamentária, até então a cargo de um departamento do Banco do Brasil. Foi extinta a conta movimento do Banco Central no Banco do Brasil, unificado o orçamento geral da União, com a inclusão de todas as despesas de natureza fiscal, inclusive as realizadas pelo Banco Central e pelo Banco do Brasil, como as operações de crédito rural. Foi criado o Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal – Siafi, primeiro passo para a transparência das contas públicas no país.
Meios de comunicação como barganha política:
  • Durante seu governo, no qual teve Antonio Carlos Magalhães como ministro das Comunicações, foram distribuídos mais de mil concessões públicas de rádio e TV, basicamente comerciais e sem licitação. No total, a administração Sarney distribuiu 1.028 concessões de emissoras de rádio (AM e FM) e de televisão (30,9% dos canais existentes na época) - sendo que em apenas um mandato, José Sarney assinou um número de concessões superado apenas pela soma das permissões autorizadas por todos os presidentes brasileiros entre 1934 e 1979. A grande distribuição de concessões de radiodifusão foi uma política adotada em troca de apoio no Congresso, inclusive para Sarney obter um ano a mais na presidência. A própria família Sarney detém concessões do tipo por todo o Maranhão, além de jornais impressos.

José Ribamar Ferreira de Araújo Costa (Jose Sarney)

Política Externa:
  • Com uma pauta que não abria controvérsias com suas bases partidárias, Sarney atuou com desenvoltura na política externa. Retomando a tradição de independência estabelecida desde o Barão do Rio Branco e mais especialmente por Afonso Arinos, o Brasil estendeu seu diálogo a todo o mundo, desvinculando-se das posições dos Estados Unidos. Em seu novo enfoque já em setembro de 1985, abrindo a 40ª Assembleia Geral das Nações Unidas, denuncia o tratamento dado à dívida dos países pobres, especialmente da América Latina: o problema em questão não era apenas econômico e financeiro, e a dívida não poderia ser paga com o sacrifício do povo.
Rompendo também com o crescente distanciamento e competição com a Argentina, Sarney buscou uma aproximação que teve ampla receptividade de parte de Raúl Alfonsín. A partir de um encontro em novembro de 1985, em Foz de Iguaçu, quando o presidente argentino quebrou o mito de que Itaipu era uma arma contra seu país ao visitar a usina, Sarney e Alfonsín iniciaram um processo de entendimento e integração, ampliado com o apoio do presidente Julio Maria Sanguinetti, do Uruguai. 
  • A relação de confiança é selada com a visita de José Sarney à usina atômica de Pilcaniyeu e com a visita de Raúl Alfonsín à usina da Marinha em Aramar, encerrando a disputa nuclear e afirmando a exclusividade do uso pacífico da energia atômica. Os dois presidentes lançaram as bases do que seria concretizado como Mercosul, estabelecendo a cláusula democrática de que só seriam aceitos como membros países com pleno funcionamento de suas instituições.
Sarney dialogou ainda com os presidentes da Venezuela, Jaime Lusinchi e Carlos Andrés Pérez; da Colômbia, Belisário Betancur e Virgilio Barco; do Equador, Rodrigo Borja Cevallos; do Peru, Alan Garcia; da Bolívia, Paz Estenssoro e Paz Zamora; do Paraguai, Andrés Rodriguez; e do México, Miguel De La Madrid. O Brasil se empenhou na formação do Grupo de Apoio a Contadora — depois Grupo do Rio — que teve papel importante na solução dos conflitos na região do Caribe. Sarney também reatou relações com Cuba, rompidas durante o regime militar.
  • As relações com os Estados Unidos foram marcadas pelos contenciosos comerciais e pela discordância sobre o tratamento da dívida externa do Brasil. Embora tenha estado pessoalmente com os presidentes americanos Ronald Reagan e George Bush, predominou a tentativa americana de impor uma posição de força, com constrangimentos tais como o que estabeleceu sanções comerciais ao Brasil durante as comemorações de Sete de Setembro. Sarney não se dobrou a estas pressões.
Com o chefe do Governo da Espanha, Felipe González, Sarney estabeleceu, além do intercâmbio diplomático, fortes relações pessoais. O processo de redemocratização espanhola, com o pacto de Moncloa, era um exemplo que tentava implantar no Brasil. Também com Portugal cria relações privilegiadas, ligando-se ao presidente Mário Soares. Sarney ainda lança as bases da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, em reunião em São Luís do Maranhão de que participam representantes de Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné Bissau e São Tomé e Príncipe.
  • Em retribuição à visita do presidente François Mitterrand, que foi o primeiro chefe de Estado europeu a visitar o Brasil redemocratizado, Sarney visita a França em 1988, e retorna em 1989, quando participa das celebrações dos 200 anos da Revolução Francesa. Sarney também visita a URSS, que vivia os anos de glasnost, abertura promovida por Mikhail Gorbachev, e que se tornara importante parceira comercial. Também foi muito importante a visita à China, quando Sarney encontra-se com Deng Xiaoping, inclusive pelos acordos de cooperação tecnológica, especial no lançamento de satélites.
Em 1986, Sarney visita Cabo Verde, onde condena mais uma vez o apartheid e defende a soberania e integridade territorial de Angola e a desmilitarização do Atlântico Sul. No mesmo ano recebe o bispo Desmond Tutu como parte de uma estratégia de aproximação com a oposição ao regime de Pretória. Em várias oportunidades manifesta o apoio a Angola no seu conflito com a África do Sul, e, em 1989 visita o país, demonstrando a disposição brasileira de auxiliar na sua reconstrução.
Atentado
  • Em 29 de setembro de 1988, o maranhense Raimundo Nonato Alves da Conceição, então com 28 anos, sequestrou o voo VASP 375 planejando atingir o Palácio do Planalto com a intenção de punir o então presidente da república, a quem atribuía a culpa pela perda de seu emprego e pela situação econômica do país. A operação não obteve êxito e após o avião pousar em Goiânia, Raimundo foi morto por policiais federais.
Senador pelo Amapá:
  • Em 1990, Sarney transferiu seu domicílio eleitoral para o recém-criado estado do Amapá, antigo território federal, candidatou-se e foi eleito senador no mesmo ano. Em seu mandato se destaca pela defesa da Área de Livre Comércio de Macapá e Santana, pelo projeto do Estatuto da Micro e Pequena Empresa e pelo projeto que garantiu a distribuição gratuita de medicamentos aos portadores de HIV, cujo pioneirismo teve repercussão internacional. 
Em 1995 foi eleito presidente do Senado, quando renovou a estrutura administrativa e colocou em dia o funcionamento legislativo, com pendências de vários anos. Criou também a estrutura de comunicações da casa, com rádio, televisão e jornal, tornando transparentes as atividades parlamentares. Em 1998 foi reeleito senador pelo Amapá. Entre outras medidas a favor do estado, defendeu a extensão dos benefícios do porto de Manaus.
  • Em 1999, apresentou o primeiro projeto de lei instituindo cotas raciais. Sua proposta previa cota mínima de 20% para o preenchimento de vagas nos concursos a cargos públicos, nas instituições de ensino nos três níveis de governo — federal, estadual e municipal — e nos contratos do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies). O projeto foi aprovado no Senado, mas, anexado ao Estatuto da Igualdade Racial, desapareceu na Câmara dos Deputados. Foi, no entanto, o elemento que introduziu o uso de cotas nas instituições de ensino, que se tornaram um marco nas relações raciais no Brasil. Propôs também a criação da Política Nacional do Livro, a criação de um Fundo Nacional de Assistência à Vítimas de Violência, o Plano de Desenvolvimento Regional dos Municípios do Entorno do Parque do Tumucumaque, entre outros.
Em 2002 apoiou, discordando da posição do PMDB, a candidatura de Luís Inácio Lula da Silva a presidente da República. Em 2003 foi novamente eleito presidente do Senado Federal. Em 2006 foi eleito pela terceira vez senador pelo Amapá. Em 2009 e 2011 foi eleito pela terceira e pela quarta vez presidente do Senado. Em seguida à eleição de 2009, tendo contratado a Fundação Getúlio Vargas para estudar a reforma administrativa da casa, foi descoberto que um grande número de atos administrativos não tinha sido publicado no BAP — Boletim Administrativo Eletrônico de Pessoal. Os atos foram chamados pela imprensa de “atos secretos”. Mais tarde foi constatado que muitos destes atos haviam sido publicados em outros meios, como Diário Oficial. 
  • Dos atos que realmente não tinham sido publicados, 1,68% foram durante Presidência de Sarney. Foram propostas 11 representações contra Sarney no Conselho de Ética, todas rejeitadas liminarmente por estarem embasadas apenas em notícia do jornal e a jurisprudência do STF recusar a abertura de processos com essa fundamentação. Suas últimas gestões têm se caracterizado por avanços administrativos e na transparência do Senado, com a criação de um Portal da Transparência, a ampliação da rede de comunicação, a instalação da Ouvidoria do Senado, entre outras iniciativas.
Aposentadoria de José Sarney:
  • Desde o final do ano de 2013, rumores indicavam a vontade do senador e ex-presidente José Sarney de se aposentar da vida política e se dedicar exclusivamente à carreira literária. A decisão só foi confirmada por Sarney no dia 23 de junho à presidente Dilma Rousseff, durante uma viagem para o Amapá. Conforme informações da analista política Cristiana Lôbo, a razão da aposentadoria seriam problemas de saúde de sua mulher, a ex-primeira-dama Marly Sarney. Mas a jornalista apurou, nos bastidores do Senado Federal, que o maranhense estava com receio de sofrer uma derrota nas urnas. Ele ocupava o cargo de senador desde 1991, após deixar a presidência da República e transferir seu domicílio eleitoral para o Amapá.
No dia 23 de junho, o senador José Sarney, por meio de sua assessoria, divulgou que não será candidato à reeleição. Na convenção estadual do PMDB-AP, no dia 27 do mesmo mês, o ex-presidente chancelou sua desistência e declarou que "a política está muito desestimulante".

Carreira literária:
  • Ao lado de sua vida política, José Sarney desenvolveu uma extensa carreira literária, como autor de contos, crônicas, ensaios e romances. Criador do Suplemento Literário de O Imparcial, participou de um grupo de escritores e artistas que se reunia na Movelaria Guanabara, em São Luís. Nesta época — começo da década de 1950 — edita com Luiz Carlos de Bello Parga e Bandeira Tribuzzi a revista A Ilha, porta voz do pós-modernismo no Maranhão, e par de revistas lançadas por todo o Brasil. 
A influência dominante no grupo é de Bandeira Tribuzzi, que estudara em Portugal e de lá trouxera a apreciação de Fernando Pessoa e dos poetas portugueses do segundo quarto do século XX. Sua colaboração esparsa lhe valeu a eleição precoce para a Academia Maranhense, em 1952, aos 22 anos. No ano seguinte lança um estudo antropológico, Pesquisa sobre a Pesca de Curral, e logo depois o primeiro livro de poesia, 
  • A Canção Inicial. Com a intensa atividade política dos anos seguintes, só voltaria a publicar literatura depois de um longo intervalo, justamente, no entanto, quando vivia a efervescência do governo do Maranhão. Trata-se de um livro de contos, Norte das Águas, escrito com uma linguagem de grande riqueza vocabular e domínio formal, saudado em todo o Brasil. Em 1978 voltou à poesia, com Os Maribondos de Fogo. Depois de um intervalo em que publica um grande volume de discursos, retorna à literatura em 1995 com O Dono do Mar, romance em que renovaria as experiências formais de Norte das Águas, em um contexto de tempo múltiplo e forte erotismo. 
Em 2000 lança um novo romance, Saraminda, que o confirmaria como mestre do gênero, com uma escrita despojada e poética, ambientado na região fronteiriça entre o Amapá e a Guiana Francesa. Num terceiro romance, A Duquesa Vale uma Missa, de 2007, Sarney transfere o cenário literário para o eixo Rio-São Paulo. Sarney é autor de uma vasta colaboração na imprensa, onde se destaca a crônica semanal na Folha de S. Paulo, que retomada em 1991, publicou ininterruptamente durante mais de 20 anos. Estas crônicas foram recolhidas em oito volumes, e a Academia Brasileira de Letras publicou uma antologia, Tempo de Pacotilha.

Sobre o escritor José Sarney:
  • De João Gaspar Simões, crítico literário português que foi o primeiro editor de Fernando Pessoa, sobre Maribondos de Fogo: “Com os olhos e os sentidos postos na terra do Maranhão, a sua terra, a terra da sua infância, eis como José Sarney imprime aos poemas que formam o seu livro, romanceadamente estruturado, algo que é parte integrante, já hoje, de uma tradição do lirismo brasílico, qual seja, a faculdade de o poeta do Brasil, ao contrário do de Portugal, preferir o que vê ao que sente e, no que sente, nunca deixar esquecer o que vê graças a essa ancestral forma narrativa, o romance ou rimance, mais castelhana, afinal, do que portuguesa ou galego-portuguesa…” “José Sarney, quanto a nós, figura entre os poetas modernos do Brasil em cujo estro vemos o que de mais castiço se nos afigura de considerar numa maneira poética que principia a impor-se como legitimamente brasílica.”
De Claude Levi-Strauss, criador do estruturalismo, sobre O Dono do Mar: “O que José Sarney nos faz tão maravilhosamente ver é o duplo aspecto sobre o qual pode nos aparecer o mundo sobrenatural: muito distante no espaço ou muito distante no tempo. Frequentemente, disse e escrevi que para nós, modernos, a história faz as vezes da mitologia. Em seu livro, a mitologia popular floresce em evocação do passado, relativamente próximo para os homens ignorantes da história, mas que, na pena do narrador, assume dimensões muito mais vastas e torna presente, para nós, a epopeia marítima da nação portuguesa inteira que se perpetua diante de nossos olhos, graças a Sarney, através da vida laboriosa de humildes pescadores do litoral brasileiro…”.
  • De Jorge Amado sobre O Dono do Mar: “A história, a lenda, o dia-a-dia, o amor, a família, a paixão desvairada, a guerra, o que está acontecendo e o que sucedeu séculos antes, aquilo que se sabe por ouvir dizer. De começo os tempos do romance são linhas paralelas, acontecidos diversos e distantes, mas no decorrer da narrativa essas linhas se aproximam e se misturam, fundindo-se na realidade de um tempo maior que contém o ontem e o hoje. Tarefa difícil que José Sarney resolveu na perfeição da arquitetura de seu romance. As histórias dos navios naufragados no passado, da canoa e da pescaria de Cristório. O romancista conhece, com um conhecimento vivido, a vida de seu povo e a história do mar do Maranhão”.
De Carlos Castello Branco, mais importante jornalista político da segunda metade do século XX no Brasil, sobre O Parlamento Necessário: Sarney chegou ao Senado numa hora difícil, em 1971, quando as instituições sofriam o interregno dos atos de exceção. A matéria deste livro tem suas origens mergulhadas a partir de 1964 no movimento que pretendeu renovar os costumes políticos do País. Desse regime não foi beneficiário, pois os mandatos que obteve a partir de 1965, como governador, e depois em dois mandatos de senador, lhe foram dados pelo voto livre do Maranhão. Mas Sarney, que teve funções de lideranças, não fugiu às suas responsabilidades seja para com a democracia da sua crença seja para o regime de exceção que estima estar sendo o veículo da modernização das instituições nacionais. 
  • A sua primeira fé — a democrática — expressa-se no próprio título dessa coletânea de discursos — “O Parlamento Necessário” — e a sua interpretação do papel do movimento de março aprofunda-se em que, a pretexto de identificar o formalismo jurídico da oposição, acentua a transitoriedade e a instrumentalidade dos atos de emergência mediante os quais os governos militares procuram balizar a marcha para a implantação do regime democrático. […] Estudioso das instituições parlamentares e dos partidos, Sarney aprofunda suas observações em dois discursos sobre modernização, assessoramento e função de umas e de outros. São peças importantes e que certamente influíram no que se fez no Congresso e do que se faz na recomposição dos quadros partidários. […] 
O Senador José Sarney está na metade do seu segundo mandato. Sua carreira está numa encruzilhada. Ele hesita entre o apelo dos romances por escrever, dos quadros por pintar, e da vida pública por continuar no nível a que o destino o conduziu. Sua opção, de homem de talento limitado politicamente apenas pelas contingências históricas da sua região, surgirá naturalmente, sem esforço, da própria trama da sua vida, tão rica e tão complexa. Na literatura e na política ele está no ponto alto e, numa e na outra, horizonte se abre à sua frente.

Obras:
  • Incluem-se entre as principais obras do autor José Sarney:
  • A pesca do curral (ensaio), 1953
  • A canção inicial (poesia), 1954
  • Norte das águas (contos), 1969
  • Marimbondos de fogo (poesia), 1978
  • O parlamento necessário, 1982 (discursos, 2 volumes)
  • Falas de bem-querer, 1983 (discursos)
  • Dez contos escolhidos, 1985
  • Brejal dos Guajas e outras histórias, 1985
  • A palavra do presidente, 1985-1990 (discursos, 6 volumes)
  • Sexta-feira, Folha, 1994 (crônica)
  • O dono do mar (romance), 1995
  • Mercosul, o perigo está chegando, 1997 (geopolítica)
  • Amapá, a Terra onde o Brasil começa, 1998 (história)
  • A onda liberal na hora da verdade, 1999 (crônica)
  • Saraminda (romance), 2000
  • Saudades mortas (poesia), 2002
  • Canto de página, 2002 (crônica)
  • Crônicas do Brasil contemporâneo, 2004, 2 volumes
  • Tempo de pacotilha, 2004
  • 20 anos de democracia, 2005 (discursos, 2 volumes)
  • 20 anos do Plano Cruzado, 2006 (discursos)
  • Semana sim, outra também, 2006 (crônica)
  • A duquesa vale uma missa (romance), 2007
  • Maranhão - sonhos e realidades (romance), 2010
Academia Brasileira de Letras:
  • Eleito em 17 de julho de 1980, na sucessão de José Américo de Almeida na cadeira 38, que tem como patrono o poeta Tobias Barreto, é recebido em 6 de novembro de 1980 pelo acadêmico Josué Montello. Recebeu os acadêmicos Marcos Vinicios Vilaça e Affonso Arinos de Mello Franco. É o decano (o membro eleito há mais tempo) da agremiação. Também é presidente de Honra da Academia Pinheirense de Letras, Artes e Ciências – Aplac.
Controvérsias:
  • Envolvido na cena política do Brasil desde meados da década de 1950, Sarney é visto por diversos estudiosos e setores da sociedade brasileira como membro de uma oligarquia. Durante seu mandato presidencial, o governo sofreu denúncias de corrupção, tendo o próprio presidente Sarney sido denunciado, embora as acusações não tenham sido investigadas pelo Congresso Nacional. Foram citadas suspeitas de superfaturamento e irregularidades em concorrências públicas, como a da licitação da Ferrovia Norte-Sul, além de favorecimento nas concessões públicas de radiodifusão em troca de apoio político - como para obter um ano a mais na presidência da república.
Em 1988 a CPI da corrupção apontou o ex-presidente como um dos responsáveis do esquema, por ter liberado dinheiro de fundos controlados pela Presidência a municípios, sem critérios. Assim que a verba acabava, Sarney utilizava a chamada reserva de contingência e contava com a ajuda do ministro do Planejamento, Aníbal Teixeira.
  • Em 2009 a Polícia Federal descobriu que Sarney usou jornal e TV para atacar grupo do rival político Jackson Lago.
José Sarney já foi alvo de críticas afiadas de alguns intelectuais, entre os quais se destacam Paulo Francis e Millôr Fernandes. A respeito de Brejal dos Guajas, Millôr disse que se tratava de "uma obra-prima sem similar na literatura de todos os tempos, pois só um gênio poderia fazer um livro errado da primeira à última frase". Afirmou ainda que "em qualquer país civilizado Brejal dos Guajas seria motivo para impeachment".

José Ribamar Ferreira de Araújo Costa (José Sarney)

O Senador Roberto Rocha (PSB) do Maranhão

O Senador Roberto Rocha (PSB) do Maranhão

  • Roberto Coelho Rocha (São Luís, 4 de agosto de 1965) é um empresário e político brasileiro, filiado ao Partido Socialista Brasileiro.
Carreira política:
  • Formado em Administração de empresas, Rocha já foi deputado estadual, deputado federal por três mandatos. Em 2002, candidatou-se, pela coligação Maranhão decente (PSDB, PMN). No mesmo ano, passou a apoiar Jackson Lago, da coligação Frente Trabalhista (PDT, PTB, PCdoB, PPS, PPB, PTN, PAN), ao retirar candidatura em 25 de setembro de 2002. Em 2012 foi eleito como vice-prefeito de São Luís na chapa de Edivaldo Holanda Júnior.
Senador:
  • Roberto Rocha foi eleito senador pelo Maranhão nas eleições de 2014.

O Senador João Alberto (PMDB) do Maranhão

O Senador João Alberto de Souza (PMDB) do Maranhão

João Alberto de Souza, mais conhecido apenas João Alberto (São Vicente Ferrer, 1 de outubro de 1935) é um político brasileiro, filiado ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB).
Foi vice-governador do Maranhão, de 17 de abril de 2009 até 31 de dezembro de 2010, eleito senador, possui mandato até 2018.

Biografia:
  • Formou-se em Economia pela Faculdade de Ciência Políticas e Econômicas, Rio de Janeiro, RJ, em 1966.
Após terminar os estudos, iniciou carreira política, sendo eleito pela primeira vez como deputado estadual (1971-1975). Em 1978, se candidatou como deputado federal, conseguindo no mesmo ano, eleito por duas vezes entre 1979 até 1987.
  • Em 1986, foi candidato a vice-governador do Epitácio Cafeteira, que foi eleito no mesmo ano e assumindo em 1987.
  • Em 1988, licenciou-se do cargo de vice-governador e candidatou-se à Prefeitura de Bacabal e foi eleito. Assumiu por poucos meses durante 1989. De forma controversa, reassumiu a vice-governadoria.
Em abril de 1990, depois de Cafeteira deixar o governo do Estado para se candidatar à única cadeira do Senado pelo Maranhão, Alberto assumiu o governo. Segundo denúncias da imprensa local na época, ele assumiu por meio de forma ilegal, já que oficialmente ele deixou de ser vice-governador.
Nesse episódio, sua posse foi contestada pelo presidente da Assembléia Legislativa do Maranhão. Para manter-se no cargo, cercou o palácio dos Leões de policiais ordenando que abrissem fogo contra qualquer invasor. O próprio voltou para o seu gabinete, onde, armado de um revólver calibre 38, esperou pela invasão, que não chegou a ocorrer.
  • Também por meio de denúncias da imprensa local e nacional na época, foi líder da Operação Tigre, responsável pela morte indiscriminada de criminosos e pessoas sem passagem criminal em Imperatriz e região, na primeira tentativa de derrotar o crime organizado no Estado que agia desde final dos Anos 70 (que só foi desmantelado em 1999, com prisão dos primeiros líderes e integrantes em 1998).  A operação deixou cerca de 300 mortos
Ficou no Governo até 1991, sucedido pelo Edison Lobão, a quem apoiou na eleição. Na época, não havia possibilidade de reeleição.
  • Em 1994, candidatou e se elegeu como deputado federal, assumindo em 1º de janeiro de 1995. Em 1998, candidatou e elegeu como senador pelo PMDB, de 1º de fevereiro de 1999 até 31 de janeiro de 2007.
  • Em 2006, foi candidato a vice-governador com a Roseana Sarney, mas ela foi derrotada.
  • Em 17 de abril de 2009, voltou a política como vice-governador, após a cassação de Jackson Lago e seu vice, Luiz Carlos Porto
  • Em 2010, elegeu-se novamente senador pelo Maranhão, junto com Edison Lobão, sendo o segundo candidato mais bem votado do estado com 1.546.298 votos (29,74% dos votos) segundo fontes oficiais do TSE.
  • No Senado Federal, João Alberto foi eleito presidente do Conselho de Ética.  Foi Secretario de Programas Especiais do governo Roseana Sarney, no Maranhão.

O Senador Edison Lobão (PMDB) do Maranhão



  • Edison Lobão (Mirador, 5 de dezembro de 1936) é um jornalista e político brasileiro, filiado ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB).
Foi governador do Maranhão, de 1991 a 1994. Foi ministro de Minas e Energia do Brasil, de 21 de janeiro de 2008 até 31 de março de 2010, no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e durante todo o primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff. Atualmente é senador e presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) no Senado.

Biografia:
  • Advogado com bacharelado em Direito pelo Centro de Ensino Unificado de Brasília (CEUB), Edison Lobão preferiu trabalhar como jornalista e assim foi empregado dos jornais Correio Braziliense e Última Hora, e da revista Maquis, além de ter chefiado o departamento jornalístico da Rede Globo no Distrito Federal.
Antes de optar pela política, integrou o conselho de administração da antiga Telebrasília (Telecomunicações de Brasília S/A). É casado com a deputada federal Nice Lobão, com quem tem três filhos. Sua irmã, Nerine Lobão Coelho, é cenógrafa e professora da cadeira de Artes Cênicas da curso de Educação Artística da Universidade Federal do Maranhão. Ela foi também diretora do Teatro Arthur Azevedo e atualmente reside em São Luís.
  • Assessor do Ministério de Viação e Obras Públicas (1962), do governo do Distrito Federal (1964/1968) e do Ministério do Interior (1969/1974), foi eleito deputado federal pela ARENA e a seguir pelo PDS em 1978 e 1982. Ausentou-se da votação da Emenda Dante de Oliveira em 1984 que propunha Eleições Diretas para Presidência da República, faltaram vinte e dois votos para a emenda ser aprovada. Ingressou no PFL em atenção à liderança política de José Sarney, que manteve o controle da seção maranhense da legenda, embora filiado ao PMDB desde a sua candidatura a vice-presidente de Tancredo Neves.
Política:
  • Eleito em 1986 para o seu primeiro mandato de senador, foi nas eleições de 1990 que enfrentou seu maior desafio político, perdendo o primeiro turno da eleição para o governo do Maranhão para o senador João Castelo, candidato do PRN, e ostensivamente apoiado pelo então presidente da República Fernando Collor, que esperava assim retirar o "sarneísmo" do poder após um quarto de século. Derrotado por uma margem superior a 135 mil sufrágios, Lobão contou com o apoio integral de Sarney (que fora eleito senador pelo Amapá) e venceu o segundo turno com mais de 100 mil votos a frente do concorrente. 
Renunciou ao mandato em 1994 com o intuito de se candidatar ao Senado, e se elegeu pela segunda vez, êxito esse repetido em 2002 quando a primeira suplência de sua chapa ficou nas mãos de seu filho, o empresário Edison Lobão Filho, também conhecido como Edinho.
  • Extinto o PFL no início de 2007, passou ser integrante do partido Democratas mas logo atendeu às conveniências políticas de seu estado e ingressou no PMDB, sendo nomeado ministro de Minas e Energia pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 21 de janeiro de 2008.
Com a posse de Edison Lobão no Ministério, seu filho Edison Lobão Filho assumiu a vaga no Senado, ficando até 31 de março de 2010. Deixou o Ministério de Minas e Energia para concorrer a mais um mandato como senador, em 2010. Foi reeleito à vaga, pelo PMDB, com 1.702.085 votos.Em 2011 foi reconduzido à pasta de Minas e Energia pela presidente Dilma Rousseff.
  • Em março de 2011, participou da campanha do governo brasileiro para demitir o presidente da Vale, Roger Agnelli. Dilma Roussef teria enviado Guido Mantega para convencer o Bradesco, principal sócio da Vale a aceitar sua substituição. Em outra frente, o ministro Edson Lobão pressionava publicamente a empresa a pagar cinco bilhões de reais de royalties pela exploração do solo do país. Em 14 de março Agnelli havia enviado a Dilma uma carta onde expressava sua preocupação de que a disputa dos royalties estava envolvida num contexto político e que haveria desvio de verbas na prefeitura de Parauapebas. 
A Vale já pagara 700 milhões ao município, que continuava com péssimos indicadores, o entorno da cidade cercado de favelas, bairros próximos ao centro com esgoto a céu aberto e ruas sem asfalto. No mesmo dia que a carta foi entregue ao Planalto, Agneli se reuniu com Lobão para reafirmar sua crença que as cobranças do governo eram injustas, mas que acataria decisões em contrário, terminada a reunião Lobão afirmou à imprensa que a Vale admitia as dívidas. Menos de quinze dias depois, com apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e da Previ que juntos detinham 60,5% da Vale, Agnelli foi substituído, deixando a presidência em maio de 2011.
  • O ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki, autorizou a abertura de investigação contra o senador em 6 de março de 2015, tirando o sigilo do pedido de abertura de inquérito.
Em 25 de novembro de 2015, em votação no Senado para a permanência ou não na prisão, do senador Delcídio do Amaral, Lobão absteve-se de votar, sendo a única abstenção. Delcídio, líder do governo no Senado, fôra preso na manhã do mesmo dia, acusado pelo Ministério Público de estar interferindo nas investigações da Operação Lava Jato.
  • Em fevereiro de 2017 foi deflagrada a Operação Leviatã, um desdobramento da Lava Jato, onde Edison e seu filho, o também Lobão, são suspeitos de terem recebido propinas superiores a 5 milhões de reais, dinheiro oriundo da construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte e de Angra 3.
Operação Catilinárias:
  • Em 15 de dezembro de 2015 foi alvo de buscas pela Polícia Federal da Operação Catilinárias, que representa a 22ª fase da Operação Lava Jato.
Panama Papers:
  • O jornal El País, em 4 de abril de 2016, divulgou que Edison Lobão e outros investigados na Lava Jato têm contas em offshores abertas pela companhia panamenha Mossack Fonseca, especializada em camuflar ativos usando companhias sediadas em paraísos fiscais.

domingo, 5 de março de 2017

Ainda somos os mesmos


O Brasil ainda vivia sob a ditadura militar quando o Partido dos Trabalhadores (PT) foi fundado. Em 10 de fevereiro de 1980, no Colégio Sion (SP), o PT surgiu com a necessidade de promover mudanças na vida de trabalhadores da cidade e do campo, militantes de esquerda, intelectuais e artistas.
Foi em um contexto político, econômico e social marcado por intensas mobilizações que o líder sindical e principal fundador do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, tornou-se um dos protagonistas da história de luta contra as injustiças existentes no País. E a primeira conquista veio com o reconhecimento oficial do Tribunal Superior de Justiça Eleitoral do PT como um partido político brasileiro, em 11 de fevereiro de 1982.
O PT se tornou, junto com Lula, o maior protagonista da história de luta contra as injustiças existentes no País. Ainda somos os mesmos

Parte do Depoimento de Tarso Genro ao Juiz Sérgio Moro

quinta-feira, 2 de março de 2017

Em detalhes o esquema de corrupção das Empreiteiras

Benedicto Barbosa da Silva Junior,

  • Benedicto Barbosa da Silva Junior, de 55 anos, passou trinta deles na Odebrecht. Entrou como trainee, recém-saído da Escola de Engenharia Civil de Lins, no interior de São Paulo, e tornou-se presidente da Construtora Norberto Odebrecht (CNO) – terceiro nome na hierarquia do grupo, considerado o patrimônio da divisão que comanda. Nesse período, construiu não apenas uma carreira de sucesso, mas também uma relação de proximidade com o herdeiro da gigante, Marcelo Odebrecht. Alvo da Acarajé, 23ª fase da Operação Lava Jato, Barbosa juntou-se ao chefe novamente nesta semana, ao ser preso pela Polícia Federal. Ele foi solto na tarde desta sexta-feira após expirar o prazo de cinco dias da prisão temporária.
Foi justamente a proximidade com Odebrecht que contribuiu para levar BJ, como o executivo é mais conhecido, para trás das grades. Segundo os investigadores, há indícios de que Barbosa era quem fazia a ponte entre a empresa e os políticos, o homem a ser “acionado” quando houvesse necessidade de intermediação de autoridades públicas. “É possível verificar que Benedicto é pessoa acionada por Marcelo para tratar de assuntos referentes ao meio político, inclusive a obtenção de apoio financeiro”, diz inquérito da PF assinado pelo delegado Filipe Hille Pace.
  • Segundo o advogado Nélio Machado, em depoimento na quarta-feira, BJ explicou à PF como a Odebrecht repassou recursos – segundo ele, legais – aos políticos. “Ele explicou como é que se faz. Durante décadas as empresas fizeram doações eleitorais, é um critério plural”, disse o defensor. Em decisão desta sexta, o juiz federal Sergio Moro decidiu liberá-lo, com a ressalva de que ele não pode sair do país nem mudar de endereço. “Apesar apesar de seu posto executivo elevado no Grupo Odebrecht, consta que, aparentemente, os principais executivos da empresa envolvidos com as operações financeiras secretas já se encontram presos cautelarmente”, escreveu Moro.
O principal fundamento do pedido de prisão apresentado pelo Ministério Público Federal é o de que, assim como Marcelo, BJ teria pleno conhecimento do esquema criminoso instaurado na Petrobras. “No curso das investigações relacionadas ao Grupo Odebrecht, foi possível identificar outros executivos que se encontravam proximamente vinculados ao presidente Marcelo Bahia Odebrecht, e sob os quais pairam indícios de que tenham ativamente participado da organização criminosa formada no âmbito daquele conglomerado empresarial para a prática de ilícitos penais. Um deles é Benedicto Barbosa da Silva Junior”, diz o texto.
  • BJ teve uma carreira meteórica na Odebrecht. Em apenas quatro anos, foi de trainee a gerente de contrato. Especializou-se em obras de alta complexidade, como hidrelétricas e metrô – chamavam-no quando era preciso resolver questões “irresolvíveis”. Era conhecido pelos outros funcionários como alguém de “linha de frente”, que preferia visitar os canteiros de obras a ficar trancado no escritório no Rio de Janeiro. No seu vasto portfólio, destacam-se a construção do metrô de Copacabana, no Rio, e a Usina de Três Gargantas, na China, uma das maiores do mundo.
Além disso, foi diretor superintendente da empresa no Sudeste Asiático, trabalhando de Kuala Lumpur, capital da Malásia. Em 2008, tornou-se presidente da CNO, ficando encarregado das – controversas – obras da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016. Torcedor fanático do Corinthians, cuidou pessoalmente da construção da arena do seu time de coração, em São Paulo. Junto com um consórcio formado com a Andrade Gutierrez, também foi responsável pela reforma do Maracanã.
  • Em um texto publicado pela agência Odebrecht, Júnior é apresentado como mais um do “bando de loucos” – referência a um canto da torcida organizada do Corinthians. Ele, inclusive, aparece em fotos com o ex-presidente do clube Andres Sanchez e o ex-presidente Lula, também corintiano, na época de fechamento do contrato entre a empresa e o clube. Outra matéria conta que o seu escritório é decorado com uma camisa do time preto e branco e miniaturas de trator. Em outro texto, intitulado “Relatos Inspiradores”, ele chega a falar sobre a sua relação com o herdeiro da companhia. “Agora tenho contato com o Marcelo Odebrecht, que complementa minha visão empresarial com seu arrojo”, diz na publicação.
Pelos diálogos interceptados pela PF, o contato de BJ com Marcelo parece ir além de uma mera relação empresarial. Apesar de separados por cerca de 400 quilômetros – Marcelo ficava em São Paulo, e ele, no Rio -, os dois parecem manter um contato constante, principalmente sobre assuntos políticos. Trocam entre si elogios e “xingamentos”, repassam vídeos humorísticos do Youtube, comentam “erros” da presidente Dilma Rousseff no debate eleitoral, falam de parlamentares e até especulam sobre os rumos da Lava Jato – obviamente, antes de Marcelo ser preso na Erga Omnes. “Vi agora. Pela hora que você chegou às 10h30 podia ter subido! Não atrapalha nunca, pelo contrário facilita e ajuda!”, diz uma mensagem de Marcelo a BJ após ele, aparentemente, ter esperado para ser recebido pelo então presidente da holding.
  • Como os parlamentares têm foro privilegiado, a PF precisou esconder com tarja preta os nomes dos parlamentares que surgem aos montes nas mensagens – eles foram ocultados em ao menos dez vezes. O único que aparece sem a rasura é a sigla SCF referente ao ex-governador do Rio Sérgio Cabral Filho, segundo a PF. “Vc acabou não falando depois. Está preocupado com SCF e outros no tema MF?”, pergunta Marcelo, sobre o envolvimento de outro executivo afastado da companhia Márcio Faria com o ex-governador. Benedito, então, responde: “Ok. Preciso resolver 100 mil (nome de algum político com foro). Vou aproveitar este momento PT/PSDB”. Marcelo diz: “Não entendi. Depois você me fala seguro”. Com a última mensagem, a PF constatou que a dupla mantinha um canal de comunicação restrito para tratar de temas “escusos”.
Na época das eleições presidenciais de 2014, Marcelo envia a BJ um vídeo do Youtube que satiriza a presidente Dilma Rousseff e o senador Aécio Neves. “Muito divertido”, comenta. Na sequência, a dupla cita a página Dilma Bolada seguida pela frase “DR pagou 1 mi”, escrita por BJ. “Exato”, responde o chefe. A PF levantou a suspeita de que os dois falam sobre o pagamento a “pseudohumoristas”, conforme escreveu o delegado, “visando a promoção de ataques a outros candidatos”. O juiz federal Sergio Moro também destacou, em despacho, que a PF identificou duas reuniões entre BJ e o ex-ministro José Dirceu em outubro de 2010 e abril de 2011.
  • Com uma carreira invejável, BJ ganhou, em janeiro de 2014, o prêmio “O Equilibrista” do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (IBEF). Segundo nota do instituto, a homenagem é uma espécie de “Oscar do setor”. Nos registros da Câmara Municipal de Lins, também consta que Júnior ganhou o título de “Cidadão Benemérito” da cidade por seus “relevantes serviços prestados ao município”.
A alcunha BJ também aparece com recorrência em uma planilha associada a valores, que foi apreendida em um e-mail secreto do ex-executivo da Odebrecht Fernando Migliaccio, preso na Suíça enquanto tentava retirar dinheiro de contas bancárias. Segundo as investigações, a tabela trata de repasse de dinheiro a partidos políticos, especialmente ao PT. A defesa de BJ disse que ele não “tem condições” de falar sobre a planilha, pois a desconhece totalmente.
  • “Marcelo Bahia Odebrecht é o verdadeiro gestor de tais ‘créditos’. Benedicto Barbosa Júnior, por sua vez, desempenha posição igualmente relevante na administração da conta, basta lembrar que na planilha a sigla ‘BJ’ é a que apresenta as maiores cifras, sendo permitida a conclusão de que a maior parte de recursos espúrios eram originados da área dentro da Odebrecht controlada por Benedicto”, diz o inquérito.
Esta não é a primeira vez que Benedicto Barbosa Júnior é citado na Operação Lava Jato. Em uma troca de mensagens entre o presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o ex-presidente da OAS Leo Pinheiro, seu nome é mencionado pelo peemedebista como alguém capaz de ajudar a resolver problemas. “Tive com Júnior e pedi para ele doar por vc ao Henrique (Eduardo Alves). Ele, então, recebe um “OK” de Leo Pinheiro. “Tocando com Júnior aqui, na pressão. Ele vai resolver e se entende com vc”, responde Cunha. BJ também está na lista de presenteados de Pinheiro. O executivo da OAS tinha o hábito de presentear parlamentares, ministros e empreiteiros em datas comemorativas. Para Júnior, ele deu uma biografia do jogador argentino Lionel Messi.
  • Em nota, a Odebrecht classificou a prisão de BJ como “medida extrema e injusta” e ressaltou que ele sempre esteve à disposição para prestar esclarecimentos à Lava Jato. No seu lugar, entrou em caráter interino o engenheiro Carlos Hermanny Filho.
Confira a nota da Odebrecht na íntegra:
A Construtora Norberto Odebrecht esclarece que Benedicto Barbosa da Silva Junior sempre esteve à disposição para colaborar com as investigações em curso, sendo sua detenção uma medida extrema e injusta. Em seu lugar, para desempenhar interinamente as funções de líder empresarial, foi designado o engenheiro Carlos Hermanny Filho. Ambos ingressaram na empresa ainda como estagiários, na década de 80, tendo participado de importantes obras no país e no exterior. A CNO dispõe de sólido sistema interno de compliance, alinhada com os mais rigorosos padrões internacionais. A empresa reafirma sua confiança na Justiça, com a firme disposição de atuar para o esclarecimento de qualquer fato ou dúvida.
Por João Pedroso de Campos

Veja em detalhes aqui http://bit.ly/2mJU3ro